quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Policiais Militares decidem prosseguir em greve na Bahia

Depois de um dia inteiro de negociação, a assembleia dos policiais militares no Ginásio do Sindicato dos Bancários decidiu nesta quinta-feira pela continuidade da greve. A comissão das associações que representa os policiais militares não conseguiu fechar um acordo com o governo, assim a paralisação chega ao seu 10º dia. Elas querem que o pagamento da GAP 4 seja antecipado de novembro para março. O governo mantém a proposta inicial. Segundo integrantes do comando do movimento, há cerca de dez mil policiais no local. O acesso ao ginásio está restrito porque jornalistas e fotógrafos foram impedidos de presenciar o encontro.

Uma comissão de deputados de partidos que apoiam o governador Jaques Wagner tentou costurar um acordo político para amenizar as punições aos líderes dos grevistas. O deputado estadual Álvaro Gomes (PCdoB) contou que essa comissão já conseguiu negociar a manutenção dos 12 líderes com mandado de prisão preventiva em Salvador e não em presídios federais como chegou a anunciar o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo.

"Estamos garantindo aos grevistas que não haverá retaliação para quem fez a paralisação e não participou de atos de vandalismo, mas não há como negociar a revogação das prisões", disse.

Por outro lado, Gomes entende que, se a greve for encerrada, não haverá mais sentido manter preso os acusados.

"Creio que eles deveriam responder em liberdade", opinou.

Líderes estão no Sindicato dos Bancários

Depois de desocuparem a Assembleia Legislativa da Bahia e verem dois líderes do movimento deixarem o local presos, cerca de dois mil policiais militares em greve estão reunidos no ginásio do Sindicato dos Bancários, no centro de Salvador, numa assembleia para decidir a continuação ou não da greve da PM, deflagrada no dia 31 de janeiro. Os PMs continuam assegurando que a greve continua apesar da rendição dos amotinados ao comando das operações militares. Segundo um dos policiais que participa e acompanha a movimentação dos colegas, o grande problema agora é eleição de um novo líder para a mobilização. Ao mesmo tempo, um outro grupo de policiais está reunido com representantes do governo. A expectativa é por uma nova proposta às reivindicações.

De acordo com o deputado Capitão Tadeu Fernandes, um dos representantes dos PMs, a categoria está reunida para ouvir uma nova proposta do governo e decidir sobre a continuidade da paralisação. A última proposta do governo é o aumento de 6,5% retroativo a janeiro, pagamento da GAP 4 (Gratificação de Atividade Policial) entre novembro desse ano e 2013 e pagamento da GAP 5 em 2015. Os policiais querem a GAP 4 em março de 2012 e a GAP 5 em 2013, além da revogação dos mandados de prisão das 12 lideranças do movimento.

Muitos estão propondo que essa liderança seja o capitão reformado Tadeu Fernandes, deputado estadual (PSB) que vem atuando como negociador com o governo do estado. Ele teria a "vantagem" de ter imunidade parlamentar ou seja não correria o risco de ser preso ou punido. A assembleia do Sindicato dos Bancários, que não tem hora para começar, deve decidir se a greve vai continuar. Os oficiais também marcaram uma assembleia para a tarde num hotel de Salvador para decidir se aderem à greve.

Os grevistas presentes no sindicato se mostram revoltados com a detenção de quatro dos 12 líderes do movimento que tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça. Um dos presentes garantiu que a paralisação da PM é quase que total.

"Só quem está dizendo que a greve acabou é a mídia", reclamou um deles.

Governo acreditava que greve acabaria nesta quinta-feira

Pela manhã, o secretário de Segurança Pública do estado, Maurício Barbosa, afirmou que o governo baiano esperava pelo término da paralisação para esta quinta-feira.

"Hoje, o dia é para definir, terminar essa greve, fazer com que nossos policiais retornem ao trabalho. É o dia para sacramentar o fim do movimento", disse Chagas, em entrevista à Rádio Estadão.

Em seguida, ele afirmou que a maioria do efetivo está nas ruas:

"Nós temos aproximadamente 90% dos nossos policiais trabalhando. A questão toda que ocorreu, principalmente em Salvador, foi a sensação de insegurança, com a prática desses atos terroristas, difundida através das redes sociais, que causa impacto e inquieta a população".

Líderes presos saíram pelos fundos da Assembleia

O primeiro grupo deixou a Assembleia às 6h25m. Segundo o porta-voz da operação, tenente-coronel do Exército Márcio Cunha, dois dos dez líderes da greve com mandado de prisão foram presos logo no início da manhã.

O líder do movimento, ex-soldado Marco Prisco, e Antônio Paulo Angelini deixaram a Assembleia pelos fundos e foram levados para uma instalação da polícia do Exército, onde ficarão à disposição da Justiça. Cunha explicou que a exigência de não deixar o local pela saída principal foi atendida por uma equipe de negociadores da Secretaria de Segurança da Bahia, e não pelo general Gonçalves Dias, comandante da operação.

Ao todo, 245 pessoas deixaram o prédio e passaram por uma revista. Em seguida, a Polícia Federal fez uma varredura no edifício. A desocupação, no entanto, não significa o fim da greve, que nesta quinta-feira entra no seu décimo dia.

O criminalista Rogério Andrade, que se apresentou como advogado de Marco Prisco e de outros líderes dos PMs grevistas que estão com o mandado de prisão decretado, anunciou por volta de 0h30m desta quinta-feira que o grupo resolveu se render tão logo tomou conhecimento da decisão do desembargador baiano José Alfredo Cerqueira da Silva de negar um segundo habeas corpus ao grupo. Segundo ele, diante da situação era nítido que o governo não recuaria e que o aumento de tropas na Assembleia Legislativa da Bahia sitiada indicava um risco iminente de invasão.  "Permanecer ali era só esperar o momento da invasão", disse o advogado.

Rogério Andrade criticou a forma como o governador da Bahia, Jaques Wagner, tratou da questão. O advogado disse que a greve poderia ter sido resolvida internamente sem a presença das tropas federais e afirmou que a divulgação de escutas telefônicas feitas pela polícia baiana, revelando que Prisco teria incitado a realização de atos de sabotagem, não influenciou na decisão do líder do movimento de se render.

Na noite de quarta-feira, o cabo bombeiro Benevenuto Daciolo foi preso quando chegava no aeroporto do Galeão, no Rio. O bombeiro estava em Salvador participando das negociações da greve de policiais militares da Bahia. A prisão preventiva de Daciolo foi pedida pelo coronel Sérgio Simões, secretário de Defesa Civil do Rio, após conversas do militar, gravadas pela polícia baiana com autorização judicial, terem mostrados acertos para a paralisação se estender a outros estados, como Rio e São Paulo.

Nas gravações, Benevenuto Daciolo aparece conversando com uma mulher, que pede para convencer os baianos a não encerrarem a greve para não enfraquecer uma eventual paralisação no Rio. Segundo a coluna de Ancelmo Gois, publicada nesta quinta-feira no GLOBO, a voz é da deputada estadual Janira Rocha (PSOL). Ela confirmou o diálogo: "A minha vida inteira fui militantes sindical".

A deputada estadual Cidinha Campos (PDT) vai pedir à Comissão de Ética da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) que avalie a possibilidade de quebra de decoro parlamentar supostamente praticada pela deputada Janira Rocha. Cidinha diz que já tem em mãos o resultado do laudo encomendado ao perito Mauro Ricart, comprovando que a voz de mulher gravada pela polícia é da parlamentar.












                                                           Fonte:Da Agência O Globo

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