terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Caos no sistema penitenciário de Pernambuco pode se agravar com paralisação

Escalada da violência registra motim, ameaça de greve de agentes e 170 armas apreendidas. Parentes dizem que detentos têm de pagar R$ 80 a cada semana para dormirem dentro das celas


A crise que toma conta do sistema carcerário de Pernambuco e já resultou em cinco mortes neste início de ano ficará mais grave caso uma ameaça de paralisação de agentes penitenciários se consolide. Após o último fim de semana, que teve duas mortes e pelo menos 12 detentos feridos no Complexo Prisional do Curado, na zona oeste do Recife, eles prometem cruzar os braços no sábado e no domingo caso o governo não atenda às reivindicações por melhores condições de trabalho. O caos levou o governo a decretar estado de emergência no sistema penitenciário no último dia 28.

Depois dos tumultos no Presídio Juiz Antônio Luiz Lins de Barros — onde morreram duas pessoas no último fim de semana — 170 armas brancas, dezenas de aparelhos celulares e drogas foram encontrados em poder dos detentos. Os materiais foram apreendidos ontem numa revista nos 13 pavilhões da unidade. As fiscalizações foram intensificadas depois de uma sequência de rebeliões no Complexo. As cenas de violência no local tiveram início no último 19 de janeiro quando dois presos e um policial militar foram assassinados durante um motim que durou três dias. Os detentos fizeram uma série de reivindicações, como maior agilidade na análise dos processos.

Ontem pela manhã, o movimento na frente da unidade prisional foi tranquilo e familiares de presos estiveram no local em busca de notícias. Cenário bem diferente no dia anterior, quando dois reeducandos iniciaram uma briga e o Batalhão de Choque precisou ser acionado. Um detento morreu e oito ficaram feridos. Paulo da Silva Tavares, 38, que atuava como auxiliar de chaveiro, passou por cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos e morreu na noite de domingo. O motivo da confusão teria sido o fim antecipado das visitas íntimas. Já no sábado, foi o atraso na entrada das visitas conjugais que gerou revolta entre os detentos. Um preso acabou morto e quatro, feridos.

Em meio ao caos, parentes dos detentos fizeram denúncias sobre as condições em que os presos vivem. Eles contaram que, por causa da superlotação do sistema, os presos são obrigados a pagar quantias em dinheiro para não dormirem nos corredores do pavilhão. “Os presos pagam R$ 80 por semana para dormir nas celas e mais R$ 40 para receberem proteção dos mais poderosos”, denunciou uma mãe, na frente do presídio, que não quis ser identificada.

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